terça-feira, 7 de julho de 2015

O Homem Pós-Histórico

Capa

O Homem Pós-Histórico trata de um homem da pré-história que vive sozinho numa caverna ao redor de uma fogueira, caçando, comendo, dormindo. Tudo que o amedronta aflige também o homem de hoje. Ele tem medo do desconhecido. 

Tudo que existe, até então, é ele e o seu mundo. Ele é um ser bruto, vagueia pela terra nu e com uma lança atrás de comida, mas à medida que avança, ele vai se descobrindo e quer saber mais sobre tudo que o cerca. De primeiro momento, sente medo, recua e enfim persiste.

Em uma de suas caçadas, descobre uma biblioteca cheia de livros e corredores coberta pela vegetação. Uma biblioteca na pré-história? Encontra um homem igual a ele e conforme caminha seu mundo vai se expandindo, ele se expande. Descobre mais coisa, enfrenta lobos, o frio chega à beira da morte, mas não desiste, vai construindo sua história.

É um livro simples, leve, objetivo e com conteúdo. Dividido em capítulos bem definidos que guiam o leitor a descobrir mais sobre a obra, assim como o protagonista faz durante toda a história. Embora o retrato seja de um homem das cavernas, é sobre a própria história do homem moderno que o livro trata com todos os seus medos, brutalidade e ao mesmo tempo da compaixão, do amor e capacidade de compreensão e curiosidade. Após a sua história, o seu histórico, o protagonista se desenvolve. Há um mundo lá fora muito maior do que o nosso e precisamos descobri-lo.

O autor, Henry Alfred Bugalho, é escritor, fotógrafo, fundador da Oficina Editora, editor da Revista ZAMIZDAT e autor de uma porção de livros. Eu estava vagueando pelo site da editora e me deparei com este livro. O nome me atraiu. Homem pós-histórico? Por que não pré? O que seria isso? Não entendo como um escritor pode vender seus livros a R$1,99. Não acreditei. Na hora resolvi comprar para ler. Não me arrependi, o livro vale muito mais. 

domingo, 5 de julho de 2015

Avatar

Para mim, Avatar, A Lenda de Aang e A Lenda de Korra, é um dos melhores desenhos animados já feitos. Diferentemente de outros desenhos animados, Avatar tem temas maduros e polêmicos, muito presentes na nossa sociedade, de modo geral. É sobre segundo que vou dar ênfase.


No primeiro, o avatar Aang precisa dominar os quatro elementos, vencer a nação do fogo e restabelecer a paz no mundo. Ele precisa se descobrir, aprender e lidar com os desafios com os quais se depara e por ser um monge do ar busca uma forma mais amena de lidar com as adversidades, empregando a não violência e não matar, por exemplo. Ele precisa aprender que em alguns momentos devemos ter uma postura mais firme. Nesta primeira série, são temas correntes a amizade, o amor e a dualidade bem e mal presentes no conflitante Zuko, príncipe da nação do fogo e rejeitado pelo pai.

Na segunda série, o avatar Korra é uma adolescente da tribo da água que, com exceção do ar, domina todos os elementos. Diferentemente de Aang, Korra é mais intempestiva, agressiva e impulsiva. Ela precisa encontrar o equilíbrio entre ser durona e leve como um monge, necessário a um avatar, o que ela não é.

Se em Aang temos a amizade, o amor, a dualidade bem e mal e espiritualidade como temas principais; em Korra, além dos já mencionados, há os mais recorrentes em nossa sociedade nos quais o enredo se agarra para ser construído. É sobre estes que pretendo falar de maneira geral.

Na primeira temporada, o vilão é Amon que por trás da anonimidade duma máscara lidera um grupo denominado Igualitários e busca a igualdade entre dominadores e não dominadores e faz isso tirando o poder de dobra dos dominadores. Igualdade entre todos é a proposta do Socialismo/Comunismo. Todos são iguais e possuidores dos mesmos direitos, e deveres. Apesar de ser um dominador de água e sangue, ele entende que a dominação é uma ameaça e divide o mundo entre aqueles que tem poder e aqueles que não o tem. Quando todos descobrem que se trata de um dominador de água e sangue, ele perde o apoio da população. As figuras e ilustrações dos Igualitários e de Amon lembram muito as da URSS.



Na segunda temporada, a tribo da água do norte liderada por Unalaq, irmão de Tonraq, pai de Korra, começa uma guerra civil (divisão duma nação) com a tribo da água do sul para exercer seu poder sobre a outra e posteriormente criar um mundo de trevas com a abertura dos dois portais espirituais, deixando livre a passagem entre os mundos material e espiritual, e tornando-se um avatar do mal unindo-se a Vaatu, o espírito do mal.

Na seguinte, Zaheer é um anarquista líder do Lótus Vermelho. Com a convergência harmônica, tornou-se dobrador de ar e aprendeu a voar. Seu objetivo era construir um mundo de caos sem as quatro nações e o avatar. O Anarquismo, verdadeiramente, é a ausência de toda e qualquer forma de dominação, resultado de esforço e conscientização individuais e coletivos, proporcionando, segundo seus ideais, uma sociedade mais fraterna e igualitária.


Na última temporada, surge a vilã Kuvira, dominadora de terra e metal. Ela ganha a confiança do reino do terra por reestruturar Ba Sing Se e por isso vira líder. Ela seria o Nazismo que se fortaleceu com o apoio do reino da terra para depois lhe aplicar um golpe de estado, tomar Ba Sing Se e o poder definitivamente do reino da terra.


A relação entre Korra e Asami Sato, filha de Hiroshi Sato, proprietário das Industrias Futura, deve ganhar destaque também. Asami Sato começa um relacionamento com Mako, dominador de fogo. Mako gosta de Korra e Korra gosta de Mako. No decorrer da história, ele termina com Asami e começa um relacionamento com Korra. Depois, Korra termina com Mako e ele volta com Asami. Korra e Asami ao invés de ter raiva uma da outra e disputarem o homem de que gostam, começam uma grande amizade, uma ajuda a outra. O desenho termina com a amizade entre as duas evoluindo para um romance, que é insinuado durante toda a série. Não era necessário dizer, estava claro, mesmo assim um dos criadores da série fez um pronunciamento confirmando o romance entre as duas. Avatar - A Lenda de Korra revolucionou e quebrou paradigmas pelos temas que se não forem inéditos entre desenhos animados, é algo bem inusitado.


O feminismo, outro ponto a ser destacado, é um movimento político surgido em New York em 1848. Ele veio para buscar o igualdade de direitos entre homens e mulheres, ou seja, equiparar a participação feminina na sociedade à do homem. Hoje em dia, as mulheres podem votar, trabalhar e exercer funções que antes era tipicamente masculina graças às conquistas feministas. O divórcio também é outra conquista do movimento. Uma protagonista forte, durona que precisa tomar decisões e resolver as paradas é incomum na televisão. Quase sempre vemos um protagonista forte, inteligente e que na hora H sabe resolver. As mulheres muitas vezes exercem funções secundárias. Avatar veio para mudar isso, também.

Avatar - A Lenda de Aang é uma animação americana criada e produzida por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko e exibida pela Nickelodeon entre 2005 e 2008, contando com 3 temporadas e 61 episódios. A continuação da série, Avatar - A Lenda de Korra, foi transmitida entre 2012 e 2014, num total de 4 temporadas e 52 episódios. Ambas foram muito premiadas.